3.5.07

Número 213


PRAGA DIZIMA BODAS

 

Perdão pela ruminância do tema, mas tive uma iluminação. Creio com sinceridade que o Papa Bento XVI condenou os segundos (terceiros, quartos) casamentos por afrontarem um preceito católico: a união sagrada perante Deus. Ok. Mas, digamos que, sei lá, o Pontífice tenha recebido por esses dias a visita do Sr. Fritz, o mais velho joalheiro suíço ainda vivo, este portador de uma reivindicação da categoria:

 

           Zezinho (diminutivo de Joseph Alois), tu sabes que eu e o teu pai fomos muito amigos. Nunca te pedi nada enquanto eras Cardeal. Mas agora, Papa, podes nos dar uma forcinha: estamos na iminência de perder os clientes de Bodas, filho. Ninguém mais fica casado. Isso é uma praga!

 

Praga ou não, a verdade é que, há médio prazo, as festas de Bodas de Prata, Pérola, Rubi, Ouro ou Diamante, para ficar nas mais cotadas, tendem a terminar extintas. Com o fim, os presentes alusivos jamais serão trocados. O Sr. Fritz tem razão para se queixar. As próprias Bodas intermediárias andam esquecidas. Imaginem o seguinte diálogo:

 

             Glória! Alceu! Deixa-me apresentar o Paulo, meu namorado. Sabe, meu anjo, incrível!, esses dois estão casados há... nossa, quantos anos, Glorinha?

             Comemoraremos Bodas de Hematita em novembro, querida – responde, dirigindo terno sorriso ao par.

 

Desnecessário dizer que a amiga, a tal namorada do Paulo, precisou entrar no Google para descobrir o tempo de matrimônio do casal. Mas vou poupar o leitor deste trabalho: em novembro, 28 anos.

 

Se isso (do Sr. Fritz ir ao Vaticano) realmente aconteceu, acho que a estratégia foi mal montada, tanto que o Papa sofreu críticas de muitos formadores de opinião. Caso o joalheiro viesse a me consultar, eu aconselharia rever-se os sistemas de Bodas. Acompanhe o raciocínio: quando saímos de um casamento para outro, não abandonamos os filhos, certo? Então, por que abandonar o tempo de Bodas? Assim, quem rompe nas Bodas de Renda, parte em segundo casamento direto para o Marfim. Igual ao tempo de aposentadoria. De união em união, a mulher receberá o colar de pérolas (30 anos) que bem merece!

 

Claro, não é tão simples. Contar só o tempo de matrimônio da esposa é discriminação. No caso de ambos virem de uniões passadas, é preciso somar os tempos e dividir por dois. Tipo a Marilda: dois anos com o Jair, sete anos e meio com o Ricardo, meio ano com a Dulce (heterodoxo, mas deixa a conta inteira). Total: 10. O Sílvio: quatorze anos com a Maria Aparecida e dois com a Doralice. Total: 16. Então, 10+16=26:2= Bodas de Turmalina. No primeiro aniversário do casal Marilda e Sílvio, comemora-se as Bodas de Rosas.

 

Gente! Até os planos de saúde, com medo de ficarem sem clientes, estão comprando as carências das pessoas. Qual a razão de as Bodas não aderirem a este cálculo? E, quem está com receio de afastar um pretendente por estar numa Boda muito avançada, que faça uma promoção: de Bodas de Louça por Bodas de Latão. Só até sábado, não perca!  


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